sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Série Lendas e Mitos Paresí-Haliti – Lenda do Pai-do-Mato

Imagem Ilustrativa

Quem nunca ouviu falar da Lenda do Pai-do-Mato. Uma das mais comuns e importantes, principalmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. O que as pessoas talvez não saibam é que esta lenda possui uma versão bastante interessante dentro da cultura dos índios Paresí-Haliti.

A primeira descrição da Lenda do Pai-do-Mato, entre estes indígenas, data do início do século XX, mais precisamente 1912, e foi feita pelo pesquisador Roquette-Pinto, em uma série de publicações e gravações (utilizando o dictaphone) e denominada “Ualalocê”. Roquette-Pinto foi um dos pioneiros no desvendamento e registro da tradição Haliti.

Quem também citou o Pai-do-Mato como figura lendária entre os Haliti foi o poeta modernista Mário de Andrade, que usou como base os escritos e sons de Roquette-Pinto. Mário de Andrade, entretanto, se aprofundou no assunto e argumentou a relação da lenda com questões de sexualidade e iniciação das jovens indígenas desta etnia.

A seguir um trecho da citação do poeta Mário de Andrade:

“A moça Camalalô
Foi no mato colher fruta
A manhã fresca de orvalho
Era quase noturna.
- Ah...
Era quase noturna...

Num galho de Tarumã
Estava um homem cantando,
A moça sai do caminho
Pra escutar o canto...

Enganada pelo escuro
Camalalô fala pro homem:
- Homem Ariti, me dá uma fruta que eu estou com fome.
- Ah...
Estava com fome...

O homem rindo falou:
- Zuimaalúti se engana,
Pensa que sou Ariti?
- Eu sou Pai-do-Mato!
- Era o Pai-do-Mato!”

Na Música:
Em 1930, Villa-Lobos apresentou o Pai-do-Mato, Ualalocê e Kamalalô no Rio de Janeiro. Villa-Lobos usou o poema de Mário de Andrade como referência para a composição, bem como as gravações de Roquette-Pinto, feitas em cilindros de cera há quase um século.

Da Série Lendas e Mitos Paresí-Haliti
É Cultura? Tá no Ponto!

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