domingo, 13 de março de 2011

Dia Nacional da Poesia II

Poesia de Cora Coralina recitada na terceira edição do Programa Balaco Baco, em 12 de março de 2011.

Cora Coralina, uma das grandes poetisas brasileira

Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras, publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade. Cora Coralina é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que nasceu na cidade de Goiás, Estado de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889 e faleceu em Goiânia, em 10 de abril de 1985, aos 96 anos.

Ela foi uma poetisa e contista brasileira, embora mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia aos modismos literários, e produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Na poesia "Coração é terra que ninguem vê", Cora Coralina planta amor e colhe ingratidão.

Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...

Cora Coralina

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