terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O bom teatro de Mato Grosso


A falta de incentivo por parte do governo – incluindo a falta de um Plano Estadual e Municipal de Cultura, a falta de espaços para ensaiar e apresentar, a ausência do (re)conhecimento da importância da arte e a ausência de oportunidades de capacitação para a classe artística e de estímulo para a formação de público são alguns dos motivos que fazem com que os grupos e companhias de teatro que atuam em Mato Grosso recorram a editais nacionais, sejam eles da esfera federal ou de empresas particulares que incentivam a cultura.

Levando isso em consideração, alguns trabalhadores que tentam fazer arte em nosso Estado estão sempre suando a camisa e correndo atrás das oportunidades. Uma delas diz respeito aos editais federais. A Cia Arte Negus, por exemplo, foi contemplada no final do ano passado no Prêmio de Montagem Arte na Rua pela Fundação Nacional das Artes (Funarte), com o espetáculo chamado “Ambulante”.

A Cia Arte Negus conta que nesse trabalho a intenção de apresentar uma imagem dos negociantes de rua por meio de uma apresentação artística, uma união de duas estruturas, o comércio e as artes, que sempre caminharam muito próximas uma da outra, e que nesse espetáculo estão coladas, sobrepostas, mescladas. É um espetáculo de rua onde não há divisões entre o público e o espaço cênico, a hierarquia espectador versus artista é rompida em favor de apresentações que são feitas para e pelo público.

Nesse mesmo prêmio, o grupo de teatro Tibanaré foi contemplado com o espetáculo Passeio Noturno. Baseado em pesquisas sobre a cultura popular cuiabana, o espetáculo contará com lendas cuiabanas e alguns fatos históricos passados no Centro Histórico da capital de outrora. O roteiro trará à tona fatos históricos pouco conhecidos pela sociedade cuiabana. Trabalhando com teatro de intervenção, o espetáculo será apresentado em cinco lugares diferentes, sempre ao entardecer. Um grupo de atores dramatizará uma lenda possibilitando um passeio pelas ruas e pelas histórias de Cuiabá pouco conhecidas pela própria sociedade cuiabana.

O Teatro Experimental de Alta Floresta foi contemplado – pela terceira vez – com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2011. O TEAF concorreu com o projeto de montagem do espetáculo teatral “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertolt Brecht, um dos mais importantes teatrólogos que deixou um legado extraordinário para o teatro mundial. Santa Joana dos Matadouros é um texto escrito na década de 1940, ainda na fase jovem de Brecht, e aborda a crise econômica de década de 1920.

O espetáculo adotará uma estética popular e formato que permitam apresentações em espaços alternativos e em teatro convencional, possibilitando a circulação da peça em cidades e/ou setores rurais que não disponham de um Teatro. A pesquisa teve início em janeiro e a estreia está prevista para julho, mês de aniversário do grupo, com temporadas em Alta Floresta e Cuiabá/MT.

Segundo o presidente do Teatro Experimental, Gean Nunes, o prêmio auxiliará na concretização da proposta. “Já havíamos definido que em 2012 montaríamos Santa Joana e já demos início a alguns estudos.
Agora, com o prêmio conquistado nesta semana, é a certeza de que nosso objetivo será concretizado”, disse.

A Cia Spíritis, de Juína, teve o projeto “Pequeno Artista – Teatro como instrumento de educação e inclusão social” contemplado pelo programa Criança Esperança, da parceria entre Rede Globo e UNESCO.
Este projeto atenderá 100 crianças e adolescentes entre 12 e 16 anos em um espaço que será locado e equipado para estimular o pensamento artístico e a percepção estética, além de cursos de teatro para esses jovens.

Conforme o produtor cultural e diretor da Cia Spírits, Vanderley José dos Santos, os jovens terão a oportunidade de estudar a história do teatro, jogos dramáticos, aulas de expressão corporal, musicalidade cênica, criação de cenários. Além disso, os jovens participarão da produção de um espetáculo que deverá ser apresentado para a sociedade juinense como resultado do trabalho desenvolvido ao longo do ano.

Fonte: Ariane Laura - Diário de Cuiabá

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