quinta-feira, 1 de março de 2012

Casa de Rondon em Tangará da Serra é tombada como Patrimônio de Mato Grosso

Casa de Rondon é o primeiro bem tangaraense tombado como Patrimônio Histórico e Cultural de Mato Grosso

Em meados da primeira década do século XX passava por Tangará da Serra – rumo à Porto Velho (RO) – a primeira comissão do Marechal Cândido Rondon, responsável pela construção das linhas telegráficas que à época foram um marco na comunicação, tão importante quanto a fibra óptica e a internet em tempos mais atuais.

A distância, as dificuldades e a falta de logística fez com que Rondon, que mais tarde se tornaria um dos brasileiros mais respeitados da história, construísse às margens do rio Sepotuba uma casa grande, de material, com 445 metros quadrados, a 54 quilômetros de onde hoje está a cidade de Tangará da Serra.

O local serviu, por vários anos, como base para o grupo de dezenas, centenas de homens que abriam o primeiro ´picadão´ no sentido leste-oeste mato-grossense – era, na verdade, uma estratégia do governo republicano para proteger a fronteira com a Bolívia.

Membros da Comissão Rondon que se hospedavam na casa à margem do Sepotuba

O ponto, onde hoje é o Assentamento Antônio Conselheiro, era estratégico, pois era a ´porta´ de entrada para as terras dos índios Paresí-Haliti (os índios de Rondon), um pouco antes da temida serra do norte (hoje denominada de Serra do Parecis). Mantimentos, ferramentas, animais e pessoas eram trazidos até o local e depois distribuídos sertão a dentro.

Entretanto, o visitante mais ilustre da Casa de Rondon talvez tenha sido outro – o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt, Prêmio Nobel da Paz em 1906, que se hospedou no local entre 1913 e 1914, durante a Expedição Roosevelt-Rondon.

Ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt (à esq.), com Marechal Rondon
Visitante mais ilustre da Casa de Rondon em Tangará

Toda esta magnificência histórico-cultural, de importância não apenas para Mato Grosso, mas para o Brasil e o mundo, agora está protegida. O governo do Estado oficializou na terça-feira, 27, o tombamento da Casa de Rondon como Patrimônio Histórico e Cultural de Mato Grosso – fato inédito para Tangará da Serra.

Quem comemorou foi o secretário municipal de Turismo, Guilherme Schenkel. Ele acredita que a partir de agora será possível desencadear uma política de preservação da história de Tangará da Serra. “Além de preservar este patrimônio, este fato abre uma nova era para Tangará no sentido de trabalharmos isso como bem cultural e turístico, além de influenciar no tombamento de outros bens importantes que o município possui”, destacou.

Entretanto, de acordo com ele, o mais importante é que o tombamento abre um leque de possibilidades que vão desde a preservação da memória a novos investimentos no local. “Agora poderemos buscar apoio público e privado, do Estado, da União e de grandes empresas no sentido de preservar e explorar estas potencialidades”, disse.

Já existe, inclusive, um projeto para transformar o espaço numa casa de cultura. Em 2010, a arquiteta, na época estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), de Barra do Bugres, Priscila Waldow, apresentou como Trabalho de Conclusão de Curso a transformação da Casa de Rondon em um museu, que além de organizar e preservar a história do local também serviria como fonte de renda a população que reside no Assentamento Antônio Conselheiro.

“A ideia do projeto não é preservar apenas a história em torno do Marechal Rondon, mas sim toda a memória de Tangará da Serra, com o objetivo de gerar renda, de cobrar pela visitação – assim a própria comunidade será beneficiada”, disse Guilherme Schenkel.

Atualmente, cerca de 150 prédios, fazendas, casarões, igrejas, obras, objetos e monumentos são tombados em Mato Grosso – a maioria localizada em Cuiabá, Cáceres, Chapada dos Guimarães e Diamantino. Na região, além de Diamantino, as cidades de Barra do Bugres e Campo Novo do Parecis possuem bens tombados – a última teve recentemente o tombamento do prédio onde funciona o Museu Histórico do Parecis.
 
Alexandre Rolim/Redação Diário da Serra

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